MIGUEL SOUSA TAVARES
AQUILO QU EU LEIO...
Não é a continuação do meu post anterior. De vez em quando temos a sorte de aparecerem livros destes. Estou a referir-me ao livro “ O rio das flores” do nosso Miguel Sousa Tavares, já autor de outros êxitos como por exemplo “Equador”....
Eu não tenho categoria, conhecimentos literários, para dizer se um livro é bom ou mau no seu todo, ou se está bem ou mal escrito a despeito do conteúdo....não senhor! Mas sei dizer se GOSTO ou NÂO GOSTO, que a palavra gostar ainda consta do dicionário..... E EU GOSTEI IMENSO!
O tema é a vida de uma abastada família alentejana, os Ribera Flores, desde o principio do século XX até 1945.... Um pai, “land lord”, típico conservador, com mulher e dois filhos, Diogo, (o mais velho) e Pedro. Enquanto os filhos vão crescendo, cai a monarquia, instala-se a 1ª Republica, que cai vítima da sua própria anarquia e incompetência, para dar origem ao famigerado estado novo de Salazar. Diogo forma-se em engenharia e Pedro é o verdadeiro gestor da herdade, sabendo de tudo e de todos. Diogo faz vida de menino rico em Lisboa, que visita todas as semanas, (aqui as distâncias não são como no Brasil....). Diogo, o menino bem, a relíquia masculina de Estremoz, casa, para grande escândalo da vila com uma rapariga cigana, vencendo a oposição do irmão Pedro, tão tradicional como o falecido pai. Mas Diogo tem também várias características fundamentais ... è contra o estado novo, a favor da democracia, e sente-se asfixiado na sua herdade ( “roça” no Brasil?), na vila de Estremoz e em Portugal, e não se deixa limitar pelas convenções. Aspira a horizontes mais largos, no que não é acompanhado pela mulher a linda cigana Amparo, que ele sinceramente ama. Por outro lado, Pedro, liga-se ao estado novo, ás hostes fascistas. Diogo funda com mais dois amigos uma empresa import - export dedicada a trocas comerciais de e para o Brasil. Para cuidar dos negócios vai até ao Brasil no aeróstato motorizado Hindemburgo. Chegado ao Brasil Diogo apaixona-se pelo país.....Entretanto , Pedro , conspira com os seus amigos e vizinhos espanhóis contra o governo republicano de Espanha.......A partir daqui, além de uma excelente e acessível visão da política portuguesa ao tempo, passamos também a ter essa visão sobre a política espanhola e brasileira que lhe é contemporânea... Portugal e Brasil paralelos.... uma beleza.
E não digo mais nada, senão confessar um pecado intelectual:
Gostei deste livro e vou voltar a lê-lo.... Miguel deve ser mais novo do que eu.... Eu reconheci na sua escrita situações e ambiências muito próximas das que eu próprio vivi, mesmo sem ser um grande agrário alentejano. Eu, mais que entender, senti o que ele escreveu em muitos aspectos....somos da "mesma" geração, que atravessou na fase mais produtiva da sua juventude, um deserto.... e ainda por cima amordaçados. Se é por isso que eu GOSTEI deste livro é um pecado obviamente....mas não....Este é um grande livro que permite a um povo conhecer-se melhor e dois povos encontrarem-se em muitos aspectos.
ESTE UM LIVRO DE UM PORTUGUÊS, MAS PARA PORTUGUESES E BRASILEIROS.
P.S- O livro custou, na época do Natal, 28 €, ou seja , cerca de R$ 75. Mas essa foi a época , a que as especialistas de Marketing chmam "desnatar".... ( KKKKK ...os primeiros a compprar compram mais caro....). Penso que o livro vai chegar ao mercado brasileiro bastante mais acessível.......não percam..... a mistura de romance e história é sempre muito agradável.........
PAÍSES POBRES...E
DEMOCRACIA?????
Li algures, as palavras de um doutor qualquer dizendo, e cito “ O regime de democracia não é viável em países pobres”. Esta gente vomita para jornais e outras publicações palavras (e ideias...kkkk), sem se darem ao trabalho de as autocriticar , antes de publicação.
Em primeiro lugar: O que é um país pobre? É aquele que não possui recursos naturais que cheguem para satisfazer as necessidades básicas da sua população????. E país rico será o oposto?????
Não me digam essa! Então, e por oposição lógica, á afirmação acima sublinhada, países como Angola por exemplo, abarrotando de diamantes, ouro, minérios essenciais, petróleo, ricas pastagens, e grandes possibilidades agrícolas, deveria ser uma democracia....não é? E todos nós somos conhecedores do que o regime angolano é! O que se diz de Angola diz-se igualmente de outros países africanos, asiáticos e europeus.....
Quanto a mim, a maior parte da questão está na “qualidade” do POVO que esse país tem....no seu grau de educação, de consciência cívica e política, nos seus conhecimentos técnico científicos.....que, (por exagero argumentativo claro), lhe darão a capacidade de transformar um deserto numa zona produtiva. Considero portanto o povo, o bem mais valioso que um país possui.....
Claro que argumentarão que, na maioria dos casos, os governos totalitários desses países não permitirão a instrução e a valorização desse povo, porque ao fim e ao cabo subsistem graças á sua ignorância e inoperância política....mas, esquecendo que o governo de um país, não é mais que o espelho, onde o povo desse país se pode rever.....e esquecendo também que não há governo nenhum do mundo, que possa resistir a uma sublevação de um povo, mesmo que não armada, desde que geral e continuada.
Estamos portanto num círculo vicioso, em que o poder alimenta a ignorância, para que esta o alimente a ele.....
Não me perguntem como se rompe este círculo vicioso, eu não sei...mas tenho a impressão que um país pode ser pobre e democrático. Em relação a um país rico, esse país tem que ter obviamente um estado mais interventivo que o normal, nas questões de equilíbrio económico e social, quase um estado previdência, mas que pode obviamente ser eleito periodicamente por sufrágio universal.
Subordinar a possibilidade da democracia num país á sua riqueza de meios económicos é errado e perigoso. Como ideário, é semelhante a “impor” aos mais pobres a impossibilidade da posse de bom senso.
SOU EU !
Vêm aquela ave no canto superior direito da fotografia????
SOU EU!!!
É verdade... Sou eu....no sentido em que sempre tentei nunca ser um "Maria vai com as outras”... nunca tentei seguir o rebanho, o bando, a manada. Se alguma vez isso aconteceu... ( e sei que aconteceu), foi de forma premeditada, por puro instinto de defesa, de sobrevivência imediata, mas, passada a crise, lá estava eu outra vez a voar ao contrário....KKKKK!
Tentei durante toda a minha vida, não ceder e seguir um caminho escolhido por mim. Há quem diga que por isso mesmo é que hoje, olhando para os anos que faltam e relembrando os que passaram, contemplo a minha pobreza passada e futura.....Mas foi uma pobreza de apenas bens materiais...não sei que mais virá a ser....O meu orgulho fez vitimas... (por exemplo a minha família) e eu não me posso auto perdoar sobre isso....mas, mesmo assim:
TENCIONO CONTINUAR NA MESMA EM 2008 D.C.
E que tudo mais vá pró inferno....yhé, yhé.......
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